domingo, 24 de agosto de 2008

CRIANDO O MUNDO

O Amor não tem fronteiras

E não conhece limite

Mesmo que não acredite.


O Amor não se restringe

E vai preenchendo-o inteiro

Do dedão até o cabelo.


O Amor não tem amarras

E faz todos mais humanos

Mesmo que por trás dos panos


E ele que nos norteia

Mas somente ao corajoso

É dado tamanho arrojo.


Quando o Amor floresce

Aromas se espalham no ar

Num envolvente bailar.


E dança a dança da vida

Onde a cada despertar

Amplia o desabrochar.


Tudo passa a ser surpresa

Que não dá pra adivinhar

Dês da hora de acordar.


Permitindo este fluxo

Podemos então brincar

Com as ondas de nosso mar.


O Amor não vem de fora

Não alimenta ilusão

A fonte é o seu coração


E quando os corações se unem

Cada enlace serpenteia

E assim tecemos a teia.


Esta teia nos acolhe

Todos seres estão nela

Cada um é uma parcela


Que se expressa como um dom

Que emerge lá do fundo

E assim criamos o mundo.

(16.03.2008)

RELACIONAMENTO


Quando um pássaro canta numa árvore bem em frente a minha janela, inicia-se uma relação.

Mesmo sem o saber, ele canta para mim!

Meu coração bate mais rápido e se alegra, embora ele não o saiba.

Seu canto é presságio de uma comunhão profunda que estabeleço com a Terra.

É a abertura para tudo que jaz no inconsciente, para as linguagens sem forma.

É o sinal, o chamado que me transporta ao interior.

De lá, deste mergulho silente, seu canto ecoa fazendo parte de mim.

E então somos Unidade!

(24.07.07)


Eu deixo a noite cair dentro de mim

E o corpo silencia aconchegado

Pelo esmorecer das cores.


AMOR



Quando eu falo Amor

Todas as portas se abrem

Todas as luzes se acendem

E as cores se soltam do branco a dançar.


Quando eu expresso Amor

Todos os sabores são doces

Todo silêncio é música

E os sons são trinidos das aves a cantar.


Quando eu manifesto Amor

O Eu perde as fronteiras

De Deus sou centelha

E me dissolvo como gota que volta para o mar.


É o Amor que liberta e renova

Que nutre e que cria

É fonte a jorrar

E tudo que existe, foi feito para Amar!

(10.07.07)

O CORPO FEMININO



Observe as formas arredondadas deste corpo físico
e o aroma que delas irradia...
falam de suavidade e leveza.

E quando tuas mãos perscrutam a maciez da pele,
buscando os códigos desta linguagem,
ele responde com arrepios, espasmos e gemidos,
que são a chave para o insondável.

Permaneça atento,
pois quando a flor desabrocha e exala seu aroma
só os sentidos mais despertos são tomados pelo milagre.

É um corpo talhado para o Amor,

para acolher, nutrir e saciar desejos,

mas só se abre aos que buscam desvendar mistérios.
(05/2007)

FAZENDO ACONTECER


Fiz o movimento

Pra que neste momento

Todo meu pensamento

Seja aquilo que invento

E se espalha no vento

Chegando lá dentro

No profundo intento

Do meu coração!

DENTRO

Lembro-me do tempo em que bastava chover para eu me sentir triste e melancólica.

A chuva instiga o confronto interno e, de repente, não dá mais para fugir. É por isso que tanta gente não gosta dela.

A tendência geral é acreditar na falácia de que o mundo feliz está em algum lugar lá fora, mas quando as circunstâncias externas mostram-se desfavoráveis e sombrias somos reportados ao lado de dentro.

Dentro onde se encontra o conforto e o acolhimento restauradores, a suavidade a doçura.

Dentro onde não existe tempo, a pressa, a correria, só o agora silente.

Dentro onde o coração serena e a mente se aninha em seus braços, para que o corpo descanse.

De onde podemos ter a experiência íntegra da Unidade, imersos na trama de Amor.


INTEGRAR A SOMBRA

Integrar a própria sombra e manter o comportamento ético; esta é a forma mais efetiva de se transformar o mundo.

Um dos problemas do mundo é a dicotomia maniqueísta que nos faz ver o mal fora de nós e, portanto, o outro como adversário, que nos impele à comparação, à rivalidade, ao combate e à dizimação.

Assumir a sombra é assumir o valor do Planeta Nutriz e feminino que nos acolhe, é assumir o valor de nossas vísceras, de nossas entranhas, do sangue que corre em nossas veias e nutre a escuridão profunda de nosso útero fértil.

É arcar com os expurgos e dejetos, que deveriam ser alimentos, reciclados pelo e para o Planeta e não resíduos que após saírem de nós têm seu destino irresponsavelmente ignorado.

É aceitarmos, humildes, nossas imperfeições, sem atribuí-las a outrem, e poder então adotar um comportamento que não degrada e nem prejudica nenhum ser.

É honrar nossas palavras e nossos atos, para que, embora imperfeitos, sejamos dignos de confiança.


TODAS AS SITUAÇÕES DIFÍCEIS SÃO CONVITES À AUTO-SUPERAÇÃO

Não é fácil para a maioria dos humanos compreender o propósito das dificuldades que a vida manifesta ao longo de nosso processo evolutivo.

A auto-piedade, o vitimismo ou a revolta são justificáveis e justas, mas não asseguram nenhuma forma de satisfação ou de solução para nossas questões mais profundas. O problema é que ficamos paralisados, vítimas das circunstâncias, esperando socorro externo.

Em geral a situação se afunila paulatinamente e de tal forma que num dado momento já não temos mais nenhuma opção senão sucumbir a nossa dor, combalidos e derrotados, abandonados a nossa própria sorte. Motivos não nos faltam para sofrer. Para alguns mais, para outros menos, mas todos teremos motivos suficientes para sucumbir a própria dor, se assim o crermos.

O que fazer então? Me pergunto, procurando vozes provindas de uma consciência, que, por sua altura, enxergue muito além. O que fazer para obter um êxito definitivo, uma vez que resolva me despir de velhos padrões e queixas putrefatas? Será que os dejetos decompostos do passado poderão servir de adubo para algo efetivamente novo? Ou vou manter minha identificação com os vermes que soçobram nesta lama? Que outro solo poderia ser mais fecundo para o florescimento da Semente Divina de Luz do que este charco sombrio e nauseante?

Conhecemos o simbolismo da flor de lótus, que é apenas “belo” antes de vivenciarmos na pele, em nossa carne tal símbolo, e muitos outros símbolos nos inspiram como o da lagarta-crisálida-borboleta, mas como assegurar um desabrochar pleno, confiante e sem retrocessos?

Caminhamos tateando no escuro, sem certezas ou convicções, mas a única voz que merece crédito, de todas as que tagarelam, vociferam e gritam em nossa mente, a única que merece nossa escuta silenciosa, é aquela que ecoa do mais profundo de nosso coração, entoando cânticos que nos convidam ao despojamento, a despir o passado.

Confiantes e nus, livres de expectativas e desejos, totalmente entregues ao cumprimento do Plano Divino e a manifestação da Luz Divina em nós.

Livres e confiantes, sem expectativas e desejos.

A isto chamam de Fé!

ESCREVER PARA QUE?


Escrever é sempre uma forma de honrar os fatos,

embora também se preste a liberar emoções contidas.

Escrever coloca o pulsar em andamento

e torna o fluir flexível e renovável.

Escrever organiza as ideias

e liberta-as,

para que sigam seus destinos,

encontrando outras,

as quais se somam e transformam,

criando enlaces de possibilidades multiformes.

(31.07.06)


O PRESENTE PRECIOSO



A Nossa Mãe

Amada Terra

Que nos espera

No despertar


Com seu Encanto

Acalma a fera

E acalma o canto

Do caminhar


A Nossa Mãe

Amada Terra

Que nos espera

No despertar


Com seu Encanto

Acalma a fera

E acalma o pranto

Do caminhar


CONVÉM

Convém manter a fé,

Independente dos fatos externos.

Convém confiar,

Independente das respostas imediatas.

Convém fortalecer o poder pessoal,

Independente da percepção alheia.

Convém manter a conexão interna,

Independente de estar no mundo.

Convém manter a mente vazia,

Independente do fluxo de ideias.

Convém manter o coração sereno,

Independente das incertezas.

Convém manter as ações,

Independentes de intenções egóicas.

Convém romper as amarras,

Independente de julgamentos.

Agora convém o encontro

Com o que jaz urgente em ti!

(29.05.06)

GUERREIRO

Um Guerreiro

Não se envaidece

Nem se humilha,

Seja diante da crítica

Ou diante do louvor.

Um Guerreiro

Mantém a dignidade,

Seja diante da dor

Ou diante do amor.

(05.02.05)


QUALIDADES E VIRTUDES


Qualidades são inerentes

Virtudes se conquistam

Qualidades podem ser positivas ou negativas

Virtudes são o cultivo do melhor em nós

Qualidades envaidecem

Virtudes enobrecem

Qualidades vem “de mão beijada”

Virtudes dependem de firme

determinação continuada

Qualidades vêm e vão

Virtudes, temos que praticá-las dia após dia

Qualidades são relativas

Virtudes são inegáveis

Qualidades inflam o ego

Virtudes aumentam a humildade


O EGO


O Ego serve ao propósito

de encontrarmos a melhor forma

de tocarmos o coração das pessoas

e abri-lo para o Amor.


PARA QUE COMPREENDER

A cada momento desta etapa venho constatando a transitoriedade aleatória dos estados da mente, que oscila frenética entre ideias, emoções e sensações diametralmente opostas.

Não adianta querer nem segurar nem fugir do momento; ambas as tendências falidas diante da angústia do desconhecido.

Sentir-se a mercê de correntes antagônicas não é nada confortável, mas assinala uma viajem sem volta à busca de respostas coerentes que justifiquem nossa existência.

Constato que caso seja apenas um jogo, uma grande brincadeira cósmica, invisto e insisto para que minhas emoções não o leve tão a sério e vençam o impulso primevo ao sofrimento. Talvez seja digno de censura meu compromisso com correção ao invés de diversão.

Buscar recursos internos sem nenhum parâmetro ou exemplo que se aproxime de minha subjetividade traz este misto de prazer e dor ainda extremamente esgarçante. Requer um nível de atenção e uma vigilância firme, ao ponto de sentir-me satisfeita e frustrada em átimos infinitesimais de tempo.

É minha grande virada, sem dúvida; nada mais que a incerteza agoniante das contrações do parto, cada uma delas testando a resistência dos limites entre vida e morte. Algo que pressupõe o estilhaçar de padrões, conceitos e cristalizações em geral, de forma dolorosamente libertadora. Lugar de onde a cada momento temos que optar determinadamente pelo sim a vida, pelo livre fluir, mesmo que isso represente o fim da mesma, mesmo que não consigamos antever que caminhos se abrirão diante de nossos passos.

E ter apenas a certeza de que mesmo que tudo aconteça obedecendo a uma lógica que me escapa, só resta seguir feliz e satisfeita, confiante de que, se for o caso, a compreensão virá depois.

Caminhando em meio às incertezas, imersa no livre fluxo. Restará algo que necessite ser compreendido?

(30.04.2004)


CONHECIDOS COMO ÁRVORES

O Povo em Pé nos acolhe,

Dá-nos sombra, frutos e oxigênio;

Alimentos para corpo, mente e espírito.

Abriga muitos de nossos irmãos

Alados, saltitantes e rastejantes.

O Povo em Pé

Era maioria absoluta

Na superfície deste Planeta,

Devido a grande necessidade

Que os outros seres têm de suas dádivas.

O Povo em Pé

Agora clama pela união de todos os seres

Em prol da restauração energética do Planeta.

Isto inclui a preservação de todas as formas de Vida,

Para que a Terra possa restaurar sua saúde e harmonia.

Todos nós dependemos do Povo em Pé!!!


A DOR

A dor emerge

Do submergir da doçura,

Da necessidade de vestir a armadura.


A dor já está velha,

Cansada e fraca

De tanto dar murros em ponta de faca.


E se traveste de força,

Couraça, coragem;

Bagagem pesada de mais para a viagem.


Eu quero despir-me

De vez deste escudo

E voltar a ser doce como fruto maduro


MOMENTOS

Tem momentos que a tristeza invade o peito

E por fim inunda tudo

De impossibilidades


Tem momentos que não consigo dormir

Temendo despertar do sonho

De tê-lo encontrado


Tem momentos de serena alegria

De saber que todo dia

É um bom dia pra cantar


Tem também aquela esperança certeira

Que mesmo com toda pauleira

Assegura o caminhar


Tem momento que tudo é comunhão

Em um só coração

Que não para de pulsar


E me irmano com entes, seres, estrelas

E a doçura verdadeira

De sentir tudo vibrar


Em momentos emoções são maremotos

Onde a gente só se afoga

Quando não quer mais nadar


Em outros o corpo se lança no espaço

Como aventureiro pássaro

Sempre pronto pra voar


Mas o momento minuto a minuto esperado

É aquele momento sagrado

Feito pra gente se amar


INDEFINIÇÃO

Que misterioso e leve alento!

Brisa diáfana e tão profunda

A indefinição certa e suave;

Que loucura!

Que coisa boa e inquietante!

Que sonho mais real e mais opaco!

Que certeza mais intangível!

Que bom poder viver cada minúcia

Da complexidade de meu próprio Ser!


MENINO, HOMEM, MENINO

Você chegou de repente

Revolucionou meu coração

Como se fosse dono da casa

Mudou toda a arrumação


Agora estou meio perdida

Na bagunça das lembranças

Que você não levou na despedida

(Que não houve) e nem deixou esperanças


Ao Destino entreguei tudo

Por isso nada procuro

Mas meu coração não está mudo

Talvez ficando maduro


CRIANÇA

Toda criança é uma luz

Cheia de sonho e fantasia

É ela que nos conduz

A procura de Harmonia


Harmonia que o ser adulto

Não nos permite viver

Mas o ser criança, oculto,

Faz-nos sempre renascer


Se todos no mundo soubessem

Quantos em nós existem

E tantos de nós fenecem

Porque os adultos insistem.


Toda procura é vã,

Se temos em nós as respostas.

Mantendo a criança sã

Não temos chagas expostas.


SABOR DESTINO

Queria escrever algum poema

Que fosse leve e solto como a brisa

Mas ainda não está no meu esquema

Além de mulher e mãe ser poetisa.


De qualquer forma estou feliz agora;

Botei todos os fantasmas porta afora.


E assim ao sabor das ondas do destino

Estudo, amo, trabalho, de tudo um pouco,

É excitante de mais, quase alucino...

O destino é sempre um grande louco.


Vou buscando a poesia de estar só,

Confiando no tempo que desate o nó.


E acreditando em coisas tão subjetivas

Encho-me de esperanças e otimismo,

Mas neste mundo as coisas não são definitivas,

Por isso temo cair n’algum abismo.


O destino é sempre novo e isso me acalenta.

Mas da segurança que preciso não me alimenta.


Mas tudo são fatos e fatalidades

Que a própria vida há de resolver,

Mas fazer dela uma banalidade

Pode ser um dom, mas não o quero ter.


MERGULHO

Mergulhei em papéis

Escritos, impressos,

Vividos, reversos

Em versos

Em mim!!!


DISPERSÃO

Tenho vontade de renascer a cada dia,

Mas minha história só reflete rebeldia,

Camuflando esta sede insaciável de verdade,

Já agora acato esta monotonia

De simplesmente cobiçar o Céu

E sempre busco alguém que seja mel

E que me adoce a boca com palavras vivas.

Mas a vida me demanda tamanha dispersão

Que a caneta não acompanha nem a própria mão.

TARDE CHUVOSA

Despida de tudo, aninhada pela relva orvalhada de uma manhã fluorescente de primavera, sentia-me boiando no oceano da existência.

De lá, avistava montanhas em tons furta pastéis, o que me abriu o apetite.

Ergui-me, como uma bolha de madrepérola e me aproximei daquele lago que, de tão translúcido, quase não podia olhá-lo, sem deixar de ver as formas semelhantes à elfos, duendes e entes que nele se refletiam.

Boiavam sobre suas águas folhas secas de parreira, que transportavam pequeninos frutos semelhantes a amoras verdes esmeralda.

A cada um que delicadamente colhia e saboreava, percebia alterações na paisagem ao meu redor.

Experimentava, num espaço de tempo relativo, as mais variadas e ilimitadas formas de universos, até que me apercebi cercada por curiosas criancinhas, de cabelos muito longos e cacheados, de um olhar ultravioleta quase irresistível, que gesticulosas e interrogativas apontavam para algo que de mim emanava, como raios de luz ou de sol.

E quando olhei para o céu, me deparei com uma estranha massa boleiforme de um azul cintilante e noturno, embora dia, que parecia querer me dizer alguma coisa a respeito das flores, que transitavam no local, oferecendo seu aroma às borboletas pousadas à margem do lago.

Fechei os olhos e, a cada inspiração, sentia como se pequenas luzes fossem se acendendo no interior de meu corpo.

Quando tudo já estava resplandecente, algo, cujas asas eram gelatinas metálicas, tocou a superfície da sola de meu pé esquerdo.

E, ao abrir os olhos, deparei-me apenas com minha imaginação solta dentro de uma tarde chuvosa!

MIATÃ



Botão de Luz

Absorvida contida,

Que em teu frescor

Desabrochará o viço.

E florescendo

Sobressai-te em cor,

Refletindo a Luz

Que a ti gerou.


FAZENDA ALEGRIA

Sentada na sala

A espera de “que”,

Fazendo o que deve

Não deve sequer

Pensar em parar,

Parar de fazer

Aquilo que Deus

Não sabe o “porque”!


FALANDO DE MIM

Um dia nasceu,

Viveu como pode.

Aos poucos cresceu,

Cresceu devagar,

E embora doesse

Não pode chorar.

Talvez não devesse!

Sorria e cantava

(Por dentro chorava)

E todos achavam

Que nunca parava.

De noite sozinha,

Nas noites escuras,

Brincava com lágrimas,

Meditava loucuras.

Sabendo sentir

O que não sabia pensar,

Escrevia de noite

Pro mundo acordar.

E todas as dores,

E todos os rancores,

E todas as mágoas,

E as injustiças,

Apenas chegavam

E lá se instalavam,

Até que dos olhos

Um brilho escorria.

Tentando mudar

Um mundo doente,

É que despertou

Pra querer virar gente.

Sonhou com amores,

Paraísos e cores.

Por isso lutando,

Decepcionou-se,

E se foi tornando

Cada vez mais forte

E também mais sensível.

Abriu-se para o mundo

E com ele oscilava.

Sorria, chorava.

Deu tudo de si

Pro mundo em geral.

Mas sempre pra alguém

Em especial.

Por horas lembrava da humanidade,

Por outras, se queixava da própria verdade.

E sempre tentando,

Apesar dos fracassos,

Passou se encontrando,

Em meio a pedaços.

Queria conhecer

Os segredos da alma,

Do espírito, da mente,

Mas tudo com calma.

Também procurou

Encontrar a alguém,

Que a entendesse

E quisesse bem.

Notou, no entanto,

Que era impossível:

“Nem toda faceta

É accessível”.

Passou provações

Um tanto difíceis.

Pensou em cair

E não mais levantar,

Em ir para o hospício

E por lá ficar.

Notou que as pessoas

Não podiam entender

A intensidade

De todo seu Ser.

Porém procurou amá-las assim,

Mas muitas as vezes

Ouviu-se um “fim”.

Agora sabendo

Não ser conhecida,

Procura entender,

Como é entendida.

Mas às vezes estão

Tão longe da Verdade,

Que acham que tudo

O que faz é maldade.

Procurando esquecer

O que estão pensando,

Prossegue amando;

Por fora sorrindo,

Por dentro chorando,

E um todo sonhando

Em amar alguém

E ser amada.

Em amar a todos

E ser respeitada.

Correndo e pulando

Causou sorrisos,

Falando o pensar,

Fez gente chorar.

Já foi venerada

E também odiada,

Chamada de bruxa,

Chamada de fada.

Mas nunca ouviu

Ninguém que soubesse

De toda verdade

Que nela coubesse.

E assim prosseguiu,

Sem muito entender,

Procurando com a vida

O melhor fazer.

Chegou a pedaços

Em que não sabia mais

Se andava para frente

Ou andava para traz.

Tentou estudar,

Detestando o dever

E até trabalhar,

Mas não só para ter.

Por hora termina

Esta longa estória,

Ainda infinda

Porque vigora.


CAMINHANDO

Quantas pedras removi

Desde que aqui cheguei.

Quanto tempo já perdi

E ainda não te encontrei.


Quero te ver ao meu lado,

Não mais te ver mudo, calado.

Sombra morta e imaginária,

Sem te ver só me atrapalha.


O caminho foi difícil,

Mas eis que aqui cheguei;

Na frente, um precipício,

Se cair lá ficarei.


Quero cair em teus braços,

Esquecer de tempo e espaço.

O elevado caminho trilharmos,

E no percurso... Amarmos.


Só em pensar me fascina,

O quanto poderei te dar.

A idéia me alucina:

Viver para te amar.


Quero levar toda a vida

Trilhando esta subida,

Caminho rumo a eternidade,

Onde o justo não vê maldade.


Até que um dia podermos

Partir desta vida em paz,

Pois aqui aprenderemos

De tudo o que podem simples mortais.


E assim estará cumprida

A nossa missão tão sofrida,

Mas muito compensador será

Viver somente para amar.


LUAR DA LUA

Olha! O luar da Lua nos separa do amor.

Vendo no céu as estrelas, pensando no nosso calor.

Rio, você sabe eu te amo,

E te vendo eu declamo,

Não há no mundo outro igual a ti!

O céu é cheio de estrelas

E também há muitas canções.

Rio cidade alegre

De todos os corações!

(1967)