A cada momento desta etapa venho constatando a transitoriedade aleatória dos estados da mente, que oscila frenética entre ideias, emoções e sensações diametralmente opostas.
Não adianta querer nem segurar nem fugir do momento; ambas as tendências falidas diante da angústia do desconhecido.
Sentir-se a mercê de correntes antagônicas não é nada confortável, mas assinala uma viajem sem volta à busca de respostas coerentes que justifiquem nossa existência.
Constato que caso seja apenas um jogo, uma grande brincadeira cósmica, invisto e insisto para que minhas emoções não o leve tão a sério e vençam o impulso primevo ao sofrimento. Talvez seja digno de censura meu compromisso com correção ao invés de diversão.
Buscar recursos internos sem nenhum parâmetro ou exemplo que se aproxime de minha subjetividade traz este misto de prazer e dor ainda extremamente esgarçante. Requer um nível de atenção e uma vigilância firme, ao ponto de sentir-me satisfeita e frustrada em átimos infinitesimais de tempo.
É minha grande virada, sem dúvida; nada mais que a incerteza agoniante das contrações do parto, cada uma delas testando a resistência dos limites entre vida e morte. Algo que pressupõe o estilhaçar de padrões, conceitos e cristalizações em geral, de forma dolorosamente libertadora. Lugar de onde a cada momento temos que optar determinadamente pelo sim a vida, pelo livre fluir, mesmo que isso represente o fim da mesma, mesmo que não consigamos antever que caminhos se abrirão diante de nossos passos.
E ter apenas a certeza de que mesmo que tudo aconteça obedecendo a uma lógica que me escapa, só resta seguir feliz e satisfeita, confiante de que, se for o caso, a compreensão virá depois.
Caminhando em meio às incertezas, imersa no livre fluxo. Restará algo que necessite ser compreendido?
(30.04.2004)
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