domingo, 24 de agosto de 2008

FALANDO DE MIM

Um dia nasceu,

Viveu como pode.

Aos poucos cresceu,

Cresceu devagar,

E embora doesse

Não pode chorar.

Talvez não devesse!

Sorria e cantava

(Por dentro chorava)

E todos achavam

Que nunca parava.

De noite sozinha,

Nas noites escuras,

Brincava com lágrimas,

Meditava loucuras.

Sabendo sentir

O que não sabia pensar,

Escrevia de noite

Pro mundo acordar.

E todas as dores,

E todos os rancores,

E todas as mágoas,

E as injustiças,

Apenas chegavam

E lá se instalavam,

Até que dos olhos

Um brilho escorria.

Tentando mudar

Um mundo doente,

É que despertou

Pra querer virar gente.

Sonhou com amores,

Paraísos e cores.

Por isso lutando,

Decepcionou-se,

E se foi tornando

Cada vez mais forte

E também mais sensível.

Abriu-se para o mundo

E com ele oscilava.

Sorria, chorava.

Deu tudo de si

Pro mundo em geral.

Mas sempre pra alguém

Em especial.

Por horas lembrava da humanidade,

Por outras, se queixava da própria verdade.

E sempre tentando,

Apesar dos fracassos,

Passou se encontrando,

Em meio a pedaços.

Queria conhecer

Os segredos da alma,

Do espírito, da mente,

Mas tudo com calma.

Também procurou

Encontrar a alguém,

Que a entendesse

E quisesse bem.

Notou, no entanto,

Que era impossível:

“Nem toda faceta

É accessível”.

Passou provações

Um tanto difíceis.

Pensou em cair

E não mais levantar,

Em ir para o hospício

E por lá ficar.

Notou que as pessoas

Não podiam entender

A intensidade

De todo seu Ser.

Porém procurou amá-las assim,

Mas muitas as vezes

Ouviu-se um “fim”.

Agora sabendo

Não ser conhecida,

Procura entender,

Como é entendida.

Mas às vezes estão

Tão longe da Verdade,

Que acham que tudo

O que faz é maldade.

Procurando esquecer

O que estão pensando,

Prossegue amando;

Por fora sorrindo,

Por dentro chorando,

E um todo sonhando

Em amar alguém

E ser amada.

Em amar a todos

E ser respeitada.

Correndo e pulando

Causou sorrisos,

Falando o pensar,

Fez gente chorar.

Já foi venerada

E também odiada,

Chamada de bruxa,

Chamada de fada.

Mas nunca ouviu

Ninguém que soubesse

De toda verdade

Que nela coubesse.

E assim prosseguiu,

Sem muito entender,

Procurando com a vida

O melhor fazer.

Chegou a pedaços

Em que não sabia mais

Se andava para frente

Ou andava para traz.

Tentou estudar,

Detestando o dever

E até trabalhar,

Mas não só para ter.

Por hora termina

Esta longa estória,

Ainda infinda

Porque vigora.


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