Despida de tudo, aninhada pela relva orvalhada de uma manhã fluorescente de primavera, sentia-me boiando no oceano da existência.
De lá, avistava montanhas em tons furta pastéis, o que me abriu o apetite.
Ergui-me, como uma bolha de madrepérola e me aproximei daquele lago que, de tão translúcido, quase não podia olhá-lo, sem deixar de ver as formas semelhantes à elfos, duendes e entes que nele se refletiam.
Boiavam sobre suas águas folhas secas de parreira, que transportavam pequeninos frutos semelhantes a amoras verdes esmeralda.
A cada um que delicadamente colhia e saboreava, percebia alterações na paisagem ao meu redor.
Experimentava, num espaço de tempo relativo, as mais variadas e ilimitadas formas de universos, até que me apercebi cercada por curiosas criancinhas, de cabelos muito longos e cacheados, de um olhar ultravioleta quase irresistível, que gesticulosas e interrogativas apontavam para algo que de mim emanava, como raios de luz ou de sol.
E quando olhei para o céu, me deparei com uma estranha massa boleiforme de um azul cintilante e noturno, embora dia, que parecia querer me dizer alguma coisa a respeito das flores, que transitavam no local, oferecendo seu aroma às borboletas pousadas à margem do lago.
Fechei os olhos e, a cada inspiração, sentia como se pequenas luzes fossem se acendendo no interior de meu corpo.
Quando tudo já estava resplandecente, algo, cujas asas eram gelatinas metálicas, tocou a superfície da sola de meu pé esquerdo.
E, ao abrir os olhos, deparei-me apenas com minha imaginação solta dentro de uma tarde chuvosa!
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